segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palavrão – "só pra garantir esse refrão"?


Eu não tenho nada pra dizer

Eu não tenho mais o que fazer

Só pra garantir esse refrão

Eu vou enfiar um palavrão! ...


Com essa quadrinha, composta nos idos de 1997, a banda Ultraje a Rigor consolidava seu sucesso, junto com várias outras canções, que, renitentemente teimavam em se apegar à nossa memória (“vamos invadir sua praia”; “eu me amo, não posso mais viver sem mim”; “a gente somos inúteis”, etc.).


Nas apresentações ao vivo da música “Nada a Declarar” na qual a quadrinha está inserida, como refrão, logo após “eu vou enfiar um palavrão”, Roger, líder do grupo, “enfiava”, mesmo. O palavrão, na realidade uma palavrinha curta, chula, monossilábica, era proferido em uníssono e repetido em êxtase pela galera!


Bem, a Banda estava fazendo jus ao nome, ultrajando. A idéia era chocar, movimentar, agitar – sem nenhuma consideração quanto à propriedade ou impropriedade do termo; ou quanto à necessidade de recato; ou ainda, quanto ao caráter didático que esse linguajar “sublime” significaria para as jovens mentes e até criancinhas que cantarolavam e decoravam o refrão. O negócio, afinal, era tão somente faturar, o resto que vá às favas.


Mas o que choca, mesmo, não é o Ultraje a Rigor. É a facilidade com que palavrões, expressões grosseiras e chulas – quando não blasfemas – encontram guarida na boca de fiéis que, supostamente, procuram seguir os preceitos das Escrituras.


Não me refiro àqueles que, por treinamento intenso prévio (“exercitados”: 2 Pe 2.14) – na maioria das vezes antes de suas conversões, têm problemas e lutas nessa área, e se esforçam para abandonar velhos hábitos. Em minha vida tenho testemunhado a luta de vários cristãos para controlar a língua e as palavras. Muitos foram exercitados por anos de impiedade, ou ficaram submersos em empresas, escolas ou repartições onde o palavrão é a norma. Esses procuram de todas as maneiras mudar a linguagem – isso é visível a outros, para não entristecerem o Espírito Santo com a mesma boca que abençoam (Tiago 3.9-10).


O inusitado ocorre quando vemos alguns líderes cristãos, nos últimos tempos, seguindo mais o Ultraje a Rigor (“...eu não tenho nada pra dizer; também não tenho mais o que fazer...”) do que a Bíblia. Passaram a defender a instituição do Palavrão, junto com seus seguidores.


Um texto de um desses “pastores” foi-me enviado recentemente (apesar dele estar postado e circulando desde 25.09.2009). Ele foi escrito por conhecido líder, que hoje se ocupa bastante em disseminar vitupérios contra os que o “abandonaram”, em função de seu pecado, e a destilar amarguras, atribuindo hipocrisia genérica ao mundo cristão (não se preocupem, não vou dar o link, pois a sua peça, defendendo o linguajar chulo e grosseiro não merece divulgação adicional).


O texto responde a um consulente e seguidor fiel, que chama atenção para um vídeo de outro “líder cristão” que faz palestra em uma igreja. O palestrante é médico e o pretexto é a saúde e higiene dos ouvintes. Com esse objetivo, ele utiliza palavras grosseiras e, repetidamente, o famoso monossílabo, constrangendo e chocando alguns da platéia, enquanto a outra parte se delicia e gargalha (também não vou dar o link). O consulente, então, infere que não haveria motivo para aquele vídeo escandalizar nenhum crente. Compara, então, os que se escandalizam com os que engolem um camelo, mas se engasgam com um mosquito.


Provavelmente, o camelo, aqui, refere-se à violência ou mal tratos, enquanto que o mosquito seria o palavrão. A bandeira falaciosa de muitos, principalmente no campo secular, têm sido defender impropriedades, palavrões e até pornografia, dizendo que a pornografia verdadeira é a violência para com crianças, ou de pessoa contra pessoa. Ora, um não justifica nem anula o outro. Por que ambos não podem ser errados?


Pois bem, o pastor responde com uma ode ao palavrão. Indicando que quase morreu de rir, com o vídeo, não somente grafa o monossílabo várias vezes em seu texto, como acusa os que não o utilizam de hipócritas.


O ensino básico desse pensamento é que as barreiras de recato e moralidade são arcaicas, superadas. Que o exercício de uma suposta graça amorfa promove a verdadeira autenticidade e sinceridade; e o tráfego livre entre o impróprio e proibido, e o correto e socialmente defensável. Afinal, vivemos em uma matriz de convenções humanas. Para estes, a aproximação com Deus não cria a obrigação para com regras, mas a liberação dessas. Pelo que inferimos desses ensinos, não existem absolutos. Nos aproximamos de Deus e, no fluir dessa graça subjetiva, de uma maneira mística e indescritível, nada contradiz nossa forma e postura de vida. A única máxima, possivelmente, seria o “amor”, mas esse, fugindo ao sentido bíblico de procurar o interesse da pessoa amada, de “cumprimento dos mandamentos” (João14.15,21), passa a ser um termo vazio de significado, que abriga tudo sobre seu guarda-chuva, num reavivamento da Teologia Situacionista moribunda de Joseph Fletcher, tão popular na década de 60, do século passado.


Nesse universo imaginário, até o pecado é redefinido e a tolerância irrestrita é propagada. Ser contra palavrões, ou contra o palavrão-palavrinha, repetido ad nauseam no texto, é coisa de careta; de cristão retrógrado; de pessoas que ainda não atingiram esse patamar de pseudo-santidade estéril (pois não produz pureza), característica dessa nova ordem de iluminados.


Mas será que esse é o ensino da Palavra de Deus? Será que o derribar desses marcos regulatórios é a verdadeira missão e postura do cristão? Essa luz negra que projetam sobre minha vida procede mesmo da “lâmpada para os meus pés... e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105)? Por certo que não. A Bíblia nos instrui que o recato ou pudor é virtude a ser cultivada. Especificamente ela alerta contra a falta de pudor (“impudiscícia”), que teima em se imiscuir na igreja, em Efésios 5.3: “Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos”.


É verdade que vivemos em uma era onde se fala cada vez menos nisso. As crianças se acostumam em um mundo onde a propriedade e modéstia no vestir e no proceder estão conspicuamente ausentes. Não é de espantar que a sexualidade precoce desponte como uma das grandes distorções e desvios do nosso século. Nossos ouvidos também vão se acostumando e a consciência se cauterizando com tantas impropriedades proferidas nos filmes, na televisão, nas rádios, nas músicas e no dia-a-dia da sociedade. No entanto, ver “líderes cristãos” rotulando o constrangimento perante a imoralidade de hipocrisia, leva-nos à vanguarda do absurdo. Para os tais o alvo é ser “liberado” das amarras incômodas, e comecemos essa jornada rumo à dissolução social e à devassidão moral, bem moderninhos e conectados, pelo linguajar. Por que exercer seletividade moral na palavra falada ou escrita?


Se não houvesse nenhuma outra razão, teríamos o exemplo dos escritores da própria Bíblia. Palavrões e linguagem chula sempre existiram na história da humanidade. Estão enraizados na natureza humana pecaminosa. Sempre houve uma forma apropriada e uma forma vulgar de se referir a tudo, especialmente a partes do corpo. Ora, por que então a Bíblia, que trata dos mais variados assuntos, utiliza palavras e expressões recatadas e apropriadas e não chulas, para se referir a elas? Certamente a comunicação adequada, preocupação do Autor da Bíblia, que a fez ser grafada na linguagem comumente falada, através das eras, não necessitava do emprego de linguagem imprópria. Falar com recato não impede a comunicação. Ou será que a utilização de palavrões, no seio do cristianismo, é nova forma de comunicação eficaz e grande descoberta; veículo de graça contemporânea, encontrado por essa nova casta de iluminados?


Mas a Bíblia vai além e fala especificamente da linguagem que deve caracterizar o servo de Deus:

  1. Em Tito 2.8, somos admoestados a ter “linguagem sadia e irrepreensível para que o adversário seja envergonhado não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito
  2. Efésios 4.29 diz categoricamente: “Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe e sim, unicamente, a que for boa para edificação...”
  3. Colossenses 3.8 mostra que o linguajar chulo é característica dos descrentes: “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isso: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar”
  4. Tiago 1.26 parece falar aos que querem misturar religiosidade com linguajar impróprio: “Se alguém supõe ser religioso deixando de refrear a sua língua, antes enganando o próprio coração, a sua religião é vã”.
  5. Efésios 5.4 também, claramente, mostra como deve ser a comunicação do cristão. Gracejos e gozações grosseiras (chocarrices), palavras torpes e vãs não devem ter lugar em nosso falar: “...nem conversação torpe, nem palavras vãs, ou chocarrices, coisas essas inconvenientes...”.

Parece que o Roger, do Ultraje ao Rigor estava certo: na falta do que dizer; na falta do que fazer; defenda-se o palavrão. Mas o cristão tem o que falar e o que fazer. Não venham me enganar e dizer que tudo isso que a Bíblia condena deve estar presente na boca do cristão.

Por Solano Portela

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pluralismo e Intolerância


Pluralismo e Intolerância
Postado por Solano Portela


A palavra pluralismo representa muitas coisas no contexto pós-moderno. Pode significar apenas diversidade de opiniões ou coexistência lado a lado de posições antagônicas. No entanto, com frequência ela expressa tanto um desprezo pela existência de uma verdade absoluta como a rejeição de posições absolutas. No seu aspecto mais cruel ela indica uma falsa visão de tolerância, que se revela intolerante para com a fé cristã.

A origem do termo pluralismo é geralmente colocada no início do século 20, criado por um filósofo judeu, Horace Kallen (1882-1974), que tinha bastante orgulho de sua linhagem judaica.[1] Preocupado com a preservação de suas convicções e com as pressões sofridas por imigrantes, ele levantou a questão da sobrevivência de uma cultura minoritária, no meio de muitas outras, como sendo um fator positivo ao progresso do mundo.
Ao longo dos anos e, principalmente, ao entrarmos no final do século 20 e início deste século, o pluralismo foi se abrigando no pós modernismo, aventando a possibilidade de verdades contraditórias entre si coexistirem pacificamente. Isso significa que proponentes de alguma convicção não deveriam tentar impor a sua visão sobre as demais persuasões, ou pessoas. Nesse sentido pós-moderno, o pluralismo representa um descaso pela existência de uma verdade, pois princípios ou preceitos absolutos não poderiam existir, ou não deveriam ser asseverados ou
defendidos por ninguém.
Na realidade o termo tem várias definições e aplicações, por exemplo: pluralismo político, pluralismo filosófico, pluralismo cultural, pluralismo científico, etc. Em cada um desses aspectos o significado é diferente e, como cristãos, temos que nos posicionar adequadamente, mas igualmente de forma diferente a essas vertentes.
Pós modernismo
O pós-modernismo tem sido definido, por vezes como a filosofia da nossa era, mas na realidade não é uma filosofia, em si (e nem uma teologia). O termo representa uma persuasão que questiona as definições e limites que considera simplista, nas proposições da era moderna.[2] É mais um tipo de atitude, encontrada nas mais diversas correntes de pensamento contemporâneo, que, ressaltando a complexidade das diferentes posições filosóficas ou teológicas, se esquiva de permitir que um conjunto de convicções prevaleça sobre outros.
Nesse sentido, uma mente pós-moderna, é representada por:
Aquela pessoa que, como o rei Agripa (Atos 26.28), diz: "por pouco me persuades...", mas, adicionaria a isso: “como verdades conflitantes podem coexistir pacificamente lado-a-lado, fico na minha e você na sua”. Aquela pessoa que tem a consciência cauterizada pela convivência continuada com o erro e pela prolongada falta de ênfase em absolutos e em verdades universais.
Aquela pessoa que tem a sensibilidade distorcida pela freqüente exposição à pecaminosidade da era e já não se choca mais com descalabro algum, por maior que seja o pecado apresentado, mas aceita tudo como parte de uma sociedade pluralista e multiforme. Essa sociedade é encarada por tais mentes como não apenas uma realidade inexorável, mas uma forma desejável de existência.
Como cristãos, deveríamos constatar como essa rejeição à persuasão vai contra a obrigação à conversão, à mudança de vida. Como a acomodação ao erro, vai contra a santidade requerida do servo de Deus. E como a repetida acomodação leva à perda dos objetivos de vida e da glorificação a Deus, que é o propósito máximo da nossa existência. É nesse contexto de um mundo carente por convicções, que somos chamados a entender o pluralismo e a sermos persistentes proclamadores das verdades de Deus!
Pluralismo religioso
O pluralismo religioso é a posição que afirma a igualdade e propriedade de todas as religiões. Nenhuma religião poderia se posicionar como sendo a verdadeira e, assim, todas devem ser não somente estudadas, mas aceitas como legítimas expressões de fé. A sinceridade dos participantes é o que contaria e cada um definiria Deus ou a divindade a seu próprio modo.
Esse tipo de pluralismo é mortal para a alma e não deveria encontrar abrigo no pensamento do cristão. Afinal, Jesus declarou (João 14.6) que ele é “o caminho a verdade e a vida; ninguém vem ao pai senão por mim”. A religião cristã é exclusivista, por natureza e isso deve ser apresentado e defendido sem apologias.
No entanto, o mundo subsiste em pluralismo religioso e, surpreendentemente, essa aceitação de um pluralismo religioso não está presente somente naqueles que identificamos como descrentes. Há muitos anos, havia uma expressão na boca do povo: “todo caminho dá na venda”. Normalmente era utilizada quando alguém começava a falar em religião e significava que, independentemente da sua fé, um dia você chegaria a Deus. Era também uma forma de evitar tentativas de pregação da Palavra.
O fato é que muitos cristãos têm sido persuadidos não pela Escritura, mas por essa visão pós moderna. Muitos, em nossas igrejas, acham que Deus terá de honrar a sinceridade de uma tribo remota, por exemplo, e que Ele não será justo em condenar índios às penas eternas, pois haverá “alguma luz” na religião pagã praticada por eles. E existem posições ainda mais pluralistas. Por exemplo, um site, chamado “Centro para o cristianismo progressivo”, apresenta as seguintes idéias:[3]
Presumir que a Bíblia é a última palavra em matéria de religião não fará nenhum sentido aos seguidores de outras religiões. Afinal, todas possuem os seus textos sagrados e proclamam possuir a verdade.
Insistir na exclusividade da fé cristã é “chauvinismo religioso”.
Os trechos bíblicos do evangelho de João, nos quais Jesus se coloca como “Eu sou” o único caminho, são meras expressões poéticas. Jesus era um místico e ele está apenas expressando uma experiência mística, na qual ele se liberta do seu ego e de sua personalidade, experimentando a Deus, como única realidade.
Não é isso que a Bíblia ensina. Mais uma vez, João 11.25-26 traz as palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente. Crês isso”? Cristo demanda uma tomada de posição da parte das pessoas. È por isso que é correta a pregação do evangelho; a persuasão (Paulo “arrazoava” e “persuadia” a seus ouvintes: Atos 17.2 e 4); a conclamação ao arrependimento (Atos 17.30); é tarefa de todo cristão. É por isso que enviamos missionários, preparamos pregadores, evangelizamos em nossas igrejas; e consideramos necessitados da salvação aqueles que colocam suas esperanças e fé em imagens, em pessoas, em amuletos, em animais, em astros e em tantas outras coisas e situações, como nos avisa Romanos 1.18-32. Quando o crente defende a verdade da Bíblia, a verdade de Deus, ele não está sendo intolerante, mas simplesmente honesto e fiel à verdade, e deve fazer isso com a melhor das intenções, desejando esclarecer e não enganar as pessoas.
Pluralismo cultural
O pluralismo cultural é a coexistência, em uma sociedade, ou nas diversas sociedades da humanidade, de variações diferentes da cultura – algumas apresentando diferenças marcantes, por vezes presente em minorias. Numa sociedade pluralista essa coexistência ocorre com um mínimo de conflitos, e com razoável tolerância, uns pelos outros. Foi nesse sentido que Horace Kallen cunhou o termo pluralismo.[4]
O pluralismo cultural, em um certo sentido, não é antagônico ao ensino cristão A Bíblia ensina verdade absoluta e proclama exclusividade de orientação religiosa. Mas isso não quer dizer que não existe verdade, ou algo a ser apreciado fora da Bíblia. Afinal, o mundo é de Deus (Salmo 24.1 e 2). A teologia da reforma tem sempre ensinado que toda verdade, é verdade de Deus. Existem, na variedade das culturas, muitas coisas de mérito a serem apreciadas e preservadas. Por exemplo, o dito de Confúcio: “não façais aos outros, o que não quereis que eles vos façam”, é certamente verdade e análogo ao ensinamento bíblico de Lucas 6.31 (apesar de podermos verificar com facilidade a superioridade do ensinamento bíblico – que enfatiza o aspecto positivo de “ir e fazer”, em vez do aspecto negativo, do “não fazer”).
No entanto, a apreciação cultural do cristão nunca poderá ser acrítica (sem confrontá-la com o que a Bíblia diz, com os ensinamentos de Deus). Paulo, escrevendo a Tito (1.10-16), diz que ele tem que se colocar contra a cultura de Creta, ou seja, ele não podia pacificamente aceitar o pluralismo cultural, nos pontos onde ele entraria em contradição com princípios e ensinamentos da Escritura. Semelhantemente, nós brasileiros, não podemos aceitar o “jeitinho” como uma expressão cultural legítima, pois via de regra, esse “jeitinho” não quer dizer apenas flexibilidade ou adaptabilidade, mas ele representa quebra de valores, princípios ou regras, para se atingir um fim.
Mas a Bíblia nos ensina a amar os nossos inimigos, e até os que nos perseguem (Mateus 5.43-47). O cristianismo pode, portanto, certamente coexistir com outras culturas, mas sempre identificará os aspectos culturais que devem ser reprovados ou corrigidos, de acordo com os absolutos de Deus (como Paulo fez, ao alertar a Tito, sobre os aspectos culturais que deveriam ser combatidos e corrigidos, em Creta).
Pluralismo filosófico
O pluralismo filosófico é irmão gêmeo do pluralismo religioso e, portanto, eivado de perigos. Rudolf Carnap (1891-1970) filósofo alemão, naturalizado norte-americano, em um ensaio, chamado Princípios de Tolerância, no qual firmava os alicerces do pluralismo lógico, escreveu: “Na lógica, não existe moral. Cada um tem a liberdade de construir a sua própria lógica”.[5] Note a apresentação de que não existe uma posição lógica, mas muitas. Não existem absolutos; consequentemente, não existe verdade universal – o que é verdade para mim, não é verdade para você. Aliás, uma expressão bem contemporânea, é “a minha verdade, não é a sua verdade”. Verifique, também, que tudo isso é abraçado em nome da tolerância.
Veja, também, o entrelaçamento do pluralismo filosófico com o pluralismo religioso. Em 11 de março de 2003, o famoso entrevistador de “talk show”, Larry King (da rede CNN), recebeu alguns teólogos, filósofos e personalidades, exatamente para explorar a convivência plural com pessoas de persuasões diferentes. Um dos entrevistados foi o pastor John MacArthur. Larry King defendia a cosmovisão dos muçulmanos, como sendo igualmente lógica, coerente e legítima.
A bandeira da tolerância é, mais uma vez, brandida, para que não haja essa situação incômoda e politicamente incorreta da conversão. Note, nesse trecho da entrevista, como John MacArthur responde a ele, com sabedoria, sem comprometer um milímetro das verdades cristãs:[6]
KING (falando de uma personalidade muçulmana): Ele ora cinco vezes por dia. Ele acha que isso está certo. Ele deve estar orando a algo (ou alguém)...
MACARTHUR: Bom, infelizmente ele ora ao Deus errado. Existe apenas um único Deus vivo e verdadeiro, e esse é o Deus da Escritura. O Deus Pai do Nosso Senhor Jesus Cristo. E se você não ora a esse Deus, você ora a ninguém.
KING: Mas ele não crê nisso. Como você lida com isso? A crença dele é tão forte quanto a sua.MACARTHUR: Você pode crer que pode voar e pular de um prédio de cinco andares. Mas isso não torna a sua crença em realidade. Infelizmente, a religiosidade falsa, é a mentira fatal…
KING: O mundo dos muçulmanos é todo falso?MACARTHUR: Bem, a teologia do islamismo é falsa. O deus é o deus errado. A visão que têm de Cristo é falsa.
Devemos pedir a Deus sabedoria semelhante para responder a esse tipo comum de questionamento (Tiago 1.4-8).
Grande parte dos articulistas da mídia é filosoficamente pluralista. Sempre proclamam tolerância e indicam que as posições individuais não devem ser questionadas. No entanto, observa-se um fenômeno muito interessante com relação ao cristianismo, mas que não deveria nos surpreender. Eles se ofendem muito com a proclamação da fé cristã. Paulo já nos alertava disso em 1 Coríntios 2.14-16. Assim, as “coisas espirituais”, as “coisas do Espírito de Deus” são consideradas “loucura”. Eles não têm, nem podem ter “a mente de Cristo”, sem a conversão. Por isso, enquanto proclamam tolerância, são tão intolerantes.
Não é raro vermos, nas revistas, ataques aos evangélicos ou textos que colocam os crentes em uma posição ridícula. Por exemplo, um ensaio do jornalista Roberto Pompeu de Toledo, há alguns anos, fez troça dos que oram e lêem as Escrituras todos os dias e têm “Jesus sempre no coração” e ridicularizou a fé, os candidatos evangélicos e as expressões de fé pessoal, na campanha política.[7] Os tolerantes, se apresentam nessas questões totalmente intolerantes. O pluralismo só é válido para conservar a fé cristã fora do dia a dia das pessoas.
Em outra controvérsia, o jornalista André Petry, conhecido por seus textos beligerantes contra os evangélicos, ridicularizou o ensino do criacionismo, como visão alternativa ao evolucionismo, coerente com a fé cristã, por escolas cristãs.[8] Muitas vezes, todos os evangélicos são colocados em uma vala comum com seitas neo-pentecostais, as quais, com suas práticas místicas, supersticiosas e materialistas, proclamam, na realidade um outro evangelho, estranho à Palavra de Deus.[9]
Conclusão
O pluralismo traz várias ameaças à fé cristã, especialmente em duas situações: primeiro, quando cristãos absorvem o pluralismo religioso e perdem a identidade de sua fé, o cerne de sua mensagem, a razão de sua existência. Falando a pluralistas religiosos como os de hoje, que queriam introduzir doutrinas estranhas e negar a ressurreição de Cristo, em 1 Coríntios 15, Paulo raciocina em cima das premissas deles, demonstra que são fundamentos falsos e diz, que se o que ensinam é verdade, “somos os mais infelizes de todos os homens”(14, 17, 19), é vazia nossa pregação, é vazia nossa fé. Segundo, quando os pluralistas e supostos “tolerantes”, se mostram violentos, injustos e totalmente intolerantes para com a verdade que incomoda e fere (mas que redime). Devemos orar a Deus para que nos livre de ambas as situações.
No entanto, o próprio pluralismo pode oferecer oportunidades para a apresentação do evangelho. Aperte os pluralistas dentro de suas próprias premissas. Uma dos conceitos que mais prezam é quanto a existência do “contraditório” – dentro da noção de que as múltiplas vertentes é que construirão o conhecimento. Aproveite essas ocasiões e coloque o seu lado, o lado do evangelho, as verdades de Deus. Insista para que você possa apresentar “o contraditório” – a simples aceitação disso já revelará que há contraste, que há diferença, que há verdade e mentira, luz e trevas, salvação e perdição. Paulo fazia isso, façamos nós, também.
Solano

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Calvinismo segundo Entendo

O Calvinismo segundo Entendo

Postado por Augustus Nicodemus Lopes
Calvinistas estão entre as tradições religiosas mais mal compreendidas da história da Igreja. Sei perfeitamente que alguns deles fizeram por merecer. Há calvinistas que defendem suas convicções sem caridade, gentileza e sensibilidade para com quem diverge. Outros, não conseguem ouvir quem não seja calvinista. Não considero essas atitudes como intrínsecas ao calvinismo. As pessoas são assim porque lhes faltam domínio próprio e humildade, e não porque são calvinistas. Não há nada no calvinismo que exija que calvinistas sejam rudes, intransigentes, mal educados, excessivamente críticos e arrogantes.

Boa parte das acusações que têm sido feitas aos calvinistas, além de serem generalizações injustas, parecem proceder de uma falta de conhecimento adequado do que os calvinistas realmente acreditam. Como não falo por todos, vou dizer o que eu penso sobre alguns desses pontos mais polêmicos.

Para come çar, o calvinismo não é um bloco monolítico. Há várias correntes dentro dele. Todas se vêem como legítimas herdeiras do legado de João Calvino, desde presbiterianos liberais até puritanos modernos. Considero-me um calvinista dentro da tradição teológica que elaborou e até hoje mantém a Confissão de Fé de Westminster, muito similar às demais confissões reformadas dos batistas, congregacionais, episcopais e reformados.

1 – Creio que Deus predestinou tudo o que acontece, mas não sou determinista. O Deus que determinou todas as coisas é um Deus pessoal, inteligente, que traçou seus planos infalíveis levando em conta a responsabilidade moral de suas criaturas. Ele não é uma força impessoal, como o destino. Não creio que os atos da vontade e da liberdade humanas sejam mera ilusão e que nossa sensação de liberdade ao cometê-los seja uma farsa, como o determinismo sugere. Eu acredito que as nossas decisões e escolhas são bem reais e que fazem a diferença. Elas não são uma brincadeira de mau gosto da parte de Deus. Os hipercalvinistas são deterministas quando negam a responsabilidade humana ou pregam a passividade dos cristãos diante de um futuro inexorável. Por desconhecer essa distinção, muitos pensam que todos os calvinistas são deterministas e que eles vêem o homem como um mero autômato.

2 – Creio que Deus é absolutamente soberano e onisciente sem que isso, contudo, anule a responsabilidade do homem diante dele. Para mim, isso é um mistério sem solução debaixo do sol. Não sei como Deus consegue ser soberano sem que a vontade de suas criaturas seja violentada. Apesar disto, convivo diariamente com essas duas verdades, pois vejo que estão reveladas lado a lado nas Escrituras, às vezes num mesmo capítulo e até num mesmo versículo! (Ex: Atos 2:23).

3 – Encaro a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana como sendo parte dos mistér ios acerca do ser Deus, como a doutrina da Trindade e das duas naturezas de Cristo. A soberania de Deus e a responsabilidade humana têm que ser mantidas juntas num só corpo, sem mistura, sem confusão, sem fusão e sem diminuição de ambas.

4 – Creio que Deus predestinou desde a eternidade aqueles que irão se salvar e, ao mesmo tempo, oro pelos perdidos, evangelizo e contribuo para a obra missionária. Grandes missionários da história das missões eram calvinistas convictos. Calvinistas pregam sermões evangelísticos e instam para que os pecadores se arrependam e creiam. Se quiserem um bom exemplo, leiam O Spurgeon que Foi Esquecido, de Iain Murray, publicado pela PES. Nunca as minhas convicções sobre a predestinação me impediram de ir de porta em porta, oferecendo o Evangelho de Cristo a todos, sem exceção. Após minha conversão, e já calvinista, trabalhei como evangelista e plantador de igrejas durante vários anos, em Pernambuco.

5 – Creio que Deus já sabe, mas oro assim mesmo. Sei que ele ouve e responde, e que minhas orações fazem a diferença. Contudo, sei que ao final, através de minhas orações, Deus terá realizado toda a sua vontade. Não sei como ele faz isso. Mas, não me incomoda nem um pouco. Não creio que minha oração seja um movimento ilusório no tabuleiro da predestinação divina.

6 – Não creio que Deus predestinou todos para a salvação. Da mesma forma, não creio que ele foi injusto nem fez acepção de pessoas para com aqueles que não foram eleitos. Não creio que Deus tenha predestinado inocentes ao inferno, pois não há inocentes entre os membros da raça humana. E nem que ele tenha deixado de conceder sua graça a pessoas que mereciam recebê-la, pois igualmente não há pessoa alguma que mereça qualquer coisa de Deus, a não ser a justa condenação por seus pecados. Deus predestinou para a salvação pecadores perdidos, merecedores do inferno. Ao deixar de predestinar alguns, ele não cometeu injustiça alguma, no meu entender, pois não tinha qualquer obrigação moral, legal ou emocional de lhes oferecer qualquer coisa. Penso assim pois entendo que a Queda de Adão veio antes da predestinação na seqüência lógica (não na seqüência histórica) em que Deus elaborou o plano da salvação.

7 – Creio que Deus sabe o futuro, não porque previu o que ia acontecer, mas porque já determinou tudo que acontecerá. Por isso, entendo que a presciência de que a Bíblia fala é decorrente da predestinação, e não o contrário. Quem nega a predestinação e insiste somente na presciência de Deus com o alvo de proteger a liberdade do homem tem muitos problemas. Quem criou o que Deus previu? E, se Deus conhece antecipadamente a decisão livre que um homem vai tomar no futuro, então ela não é mais uma decisão livre. Nesse ponto, reconheço a coerência dos socinianos e dos teólogos relacionais, que s entiram a necessidade de negar não somente a soberania, mas também a presciência de Deus, para poderem afirmar a plena liberdade humana.

8 – Creio que apesar de ter decretado tudo que existe desde a eternidade, Deus acompanha a execução de seus planos dentro do tempo, e se comunica conosco nessa condição. Quando a Bíblia fala de um jeito que parece que Deus nem conhece o futuro e que muda de idéia o tempo todo, é Deus falando como se estivesse dentro do tempo e acompanhando em seqüência, ao nosso lado, os acontecimentos. É a única maneira pela qual ele pode se fazer compreensível a nós. Quem melhor explica isso é John Frame, no livro Nenhum Outro Deus, lançado pela Editora Cultura Cristã. Minha esposa teve o privilégio de traduzir e eu de prefaciar essa obra, a primeira em português a combater a teologia relacional.

9 – Creio que Deus é soberano e bom, mas não tenho respostas lógicas e racionais para a contr adição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente pede que as recebamos, creiamos nelas e que vivamos na cereteza de que um dia ele haverá de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.

10 – Estou convencido que o calvinismo é o sistema doutrinário mais próximo daquele ensinado na Bí blia, ao mesmo tempo em que confesso que ele não tem todas as respostas. Todavia, estou convencido que os demais sistemas têm menos respostas ainda. Leio autores das mais diferentes persuasões teológicas. Às vezes tenho sido mais desafiado e tenho aprendido mais com livros de outras tradições. Não deixo de ouvir alguém somente porque não é calvinista. Há calvinistas que não são assim. Contudo, é uma injustiça acusar a todos de estreiteza, sectarismo, obscurantismo e preconceito.

Espero ter deixado claro que um calvinista, para mim, é basicamente um cristão que tem a coragem de aceitar as coisas que a Bíblia diz sobre a relação entre Deus e o homem e reconhecer que não tem explicações lógicas para elas. Para muitos, esse retrato é de alguém teologicamente fraco e no mínimo confuso. Mas, na verdade, é o retrato de quem deseja calar onde a Bíblia se cala.

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[Este post é uma versão atualizada de "[Mai s de] Cinco Pontos do [Meu] Calvinismo," postado aqui no blog em fevereiro de 2006 pela primeira vez. Achei que seria relevante republicá-lo diante da discussão entre os nossos comentaristas sobre calvinismo. Antes que perguntem: não, não mudei em absolutamente nada de lá para cá, continuo o calvinista de sempre...]

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Reunião HOJE - dia 17.08

A paz do Senhor amigos!
Estou aqui para informar que hoje, dia 17.08, acontecerá nossa reunião às 21:30, na casa do Pr. Valker. É de bastante importância que todos compareçam, para que possamos realizar nosso feedback da ação social e do evagelismo em lagoa seca. Desde já agradecemos a participação de todos. Tudo saiu além do esperado, foi uma benção. Obrigada e nos vemos mas tarde!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Os Desigrejados

Postado por Augustus Nicodemus Lopes
Para mim resta pouca dúvida de que a igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todos os quartéis da cristandade, e mesmo fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio apostólico de igrejas neopentecostais, a institucionalização e secularização das denominações históricas, a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, os escândalos ocorridos nas igrejas, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada.

Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja. Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas idéias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados.

Muitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristian ismo (*). Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos.

1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.

2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente.

3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de f é, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.

4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.

5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que crêem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no Frans Cafénuma sexta a noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada.

6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.

Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.

Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade � � organização. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.

Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em vôo solo. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para p oderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras, anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.

É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a p essoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.

2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue s obre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus u sou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo p resbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que crêem a mesma coisa sobre o Senhor.

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.

O meu ponto é este: que muito antes do período pó s-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).

No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas idéias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.

Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triu nfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.

Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo.
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NOTA:
(*) Podemos mencionar entre eles: George Barna, Revolution (Revolução), 2005; William P. Young, The Shack: a novel (A Cabana: uma novela), 2007; Brian Sanders, Life After Church (Vida após a igreja), 2007; Jim Palmer, Divine Nobodies: shedding religion to find God (Joões-ninguém divinos: deixando a religião para encontrar a Deus), 2006; Martin Zener, How to Quit Church without Quittin g God (Como deixar a Igreja sem deixar a Deus), 2002; Julia Duin, Quitting Church: why the faithful are fleeing and what to do about it (Deixando a Igreja: por que os fiéis estão saindo e o que fazer a respeito disto), 2008; Frank Viola, Pagan Christianity? Exploring the roots of our church practices (Cristianismo pagão? Explorando as raízes das nossas práticas na Igreja), 2007; Paulo Brabo, Bacia das Almas: Confissões de um ex-dependente de igreja (2009).

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Evangelismo - Fique atento

A paz do Senhor!
Está se aproximando a data do nosso evangelismo lá na cidade de Lagoa Seca... lembre-se: acontecerá dia 15 (próximo domingo), a partir das 08h. Não esqueçam as orientações dadas na última reunião e continuem orando e jejuando por esse trabalho. Queremos pedir que aquelas pessoas que se comprometeram em conseguir tendas, cabos de vassoura, balança e alguma outra coisa que não estou lembrada, comente neste tópico para que possamos ficar por dentro do que já conseguimos e também do que está faltando! Se pronucie, é muito importante essa interação!
Deus abençoe vocês!

Obs: No dia do evangelismo (15), não haverá brechó na feira da prata! Com isso, a equipe escalada só irá a feira semana que vem, ou seja, dia 22!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Reunião amanhã - dia 10.08 - confirmada

A paz do Senhor galerinha!
Estou aqui para informar que amanhã, dia 10.08, acontecerá nossa reunião, às 21:30, na casa do Pr. Valker. É de bastante importância que todos compareçam, afim de que possamos organizar os últimos detalhes do nosso evangelismo na cidade de Lagoa Seca dia 15 deste mês. Agradeço a compreensão de todos e que Deus nos abençoe!

Obs: Escala do mês de Agosto já encontra-se disponível no menu ESCALAS!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

HOJE 05.08 - Reunião cancelada

A paz do Senhor!
Venho, através desta, informar que a reunião marcada para hoje, da 05.08, foi cancelada. Fique atento. Marcaremos a reposição desta reunião e assim que decidirmos o dia, hora e local, estaremos postando no blog. Tenham um restinho de semana abençoada por Deus e não deixem de ler o tópico postado abaixo.. é bem interessante! Siiiim, e parabens a nossa grande amiga Hana que está ficando mais velhinha hoje.. Que Deus te abencoe e te guarde, que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha msericódia sobre ti, que o Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te dê paz!

A Confusão Evangélica Diante do Antigo Testamento

A igreja evangélica brasileira é uma das mais dinâmicas e criativas do mundo. Por essa razão seu crescimento tem sido extraordinário. Todavia, uma igreja jovem e efervescente tem dificuldades de doutrinar e discipular seus novos membros. Essa é uma realidade na igreja brasileira.

É notório que o uso do Antigo Testamento na prática e na liturgia eclesiástica brasileira tem crescido de maneira substancial. Principal no contexto do louvor e da adoração a ênfase vétero-testamentária é mais do que expressiva. E como percebeu Lutero, a teologia de uma igreja está em seus hinos. Afinal, o que está acontecendo? Para onde estamos indo?

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o Antigo Testamento representa um fascínio para o povo brasileiro. É repleto de histórias concretas, circunscritas na vida real do povo, no cotidiano de gente comum. É muito mais fácil emocionar-se com uma narrativa como a de Jonas ou de Davi do que acompanhar o argumento de Paulo em vários textos de Romanos. Além disso, o povo brasileiro tem pouca história e raízes muito recentes. O Antigo Testamento, com a rica história do povo de Israel, traz uma espécie de identificação com o povo de nosso país. Talvez isso explique porque tantos brasileiros evangélicos queiram ou procurem ser mais judeus. Em terceiro lugar, devemos considerar a realidade de que a igreja evangélica brasileira quase não tem símbolos ou expressão artística. A maioria dos símbolos cristãos históricos (catedrais, cruzes, etc.) tem identificação católica na realidade nacional. Assim, os evangélicos buscam símbolos para expre ssar sua fé, e acabam geralmente escolhendo símbolos judaicos ou vétero-testamentários (menorá, estrela de Davi, e etc.).

Este encontro brasileiro-judaico tem muitas facetas positivas: Retomamos uma alegria comemorativa da fé, trazemos a verdade espiritual para a realidade concreta, dificilmente teremos uma igreja anti-semita, enxergamos necessidades sociais e políticas pela força do Antigo Testamento. Todavia, também estamos andando em terreno perigoso e delicado. Algumas considerações são importantes para que a igreja brasileira não perca o rumo por problemas de ordem hermenêutica. Aqui vão algumas sugestões:

1. Nem todo texto bíblico do Antigo Testamento pode ser visto como normativo

A descrição da vida de um servo de Deus do Antigo Testamento não é padrão para nós sempre. Quando Abraão mente em Gênesis, a descrição do fato não o torna uma norma. A poligamia de Salomão, a mentira das parteiras no Egito e o adultério de Davi não podem servir de desculpas para os nossos pecados.

2. Não podemos cantar todo e qualquer texto do Antigo Testamento

É preciso observar quem está falando no texto bíblico. Sem observarmos quem fala, tiraremos conclusões enganosas. Isso é fundamental para se entender o livro de Eclesiastes. No caso de Jó 1.9-10, por exemplo, temos registradas as palavras de Satanás. Isto é fato até no caso do Novo Testamento (veja Jo 8.48).

3. Devemos ensinar que muito da teologia do Antigo Testamento foi superada pelo Novo Testamento

Jesus deixou claro que estava trazendo uma mensagem complementar e superior em relação à antiga aliança. Se não entendermos isto, voltaremos ao legalismo farisaico tão questionado por nosso Senhor. Textos como Números 15.32-36 revelam um exemplo daquilo que não tem mais valor na prática da nova aliança. Todos os elementos cerimoniais da lei não podem mais fazer parte da vida da igreja cristã, pois apontavam para a realidade superior, que se cumpre em Cristo (Cl 2.16-18). Sábados, festas judaicas, dias sagrados, sacrifícios e outros elementos cerimoniais não fazem parte da prática cristã neo-testamentária.

4. Antes de pregar ou cantar um texto do Antigo Testamento é preciso entendê-lo

Nem sempre é fácil entender um texto do Antigo Testamento. Muitos textos precisam ser bem estudados, compreendidos em seu contexto e em sua limitação circunstancial e teológica. Veja por exemplo o potencial destruidor do mau uso de um texto como o Salmo 137.9. Se o intérprete não entender que o texto fala da justiça retributiva divina dada aos babilônios imperialistas, as crianças da igreja correrão sério perigo!

5. Devemos ensinar que vingança e guerra não são valores cristãos

Jesus ordenou que devemos amar até mesmo aqueles que nos odeiam. A justiça imprecatória não faz parte da teologia do Novo Testamento. Há vários salmos que dizem isso, mas tal realidade compreende-se no contexto do Antigo Testamento e não pode ser praticada na igreja cristã. Não podemos cantar “persegui os inimigos e os alcancei, persegui-os e os atravessei” (Sl 18.37.38), quando o Senhor Jesus ordena que devemos perdoar e amar os nossos inimigos (Mt 5.44-45). Hoje já existe até gente “amaldiçoando” outros em nome de Jesus! Teremos o surgimento de uma “violência cristã”?

6. Enfatizemos a verdade de que a adoração do Novo Testamento é superior

O Novo Testamento nos ensina que a adoração legítima independe de lugar, de monte, de cidade e de outros elementos materiais (Jo 4). Jesus insiste em afirmar que Deus procura quem “o adore em Espírito e em verdade”. A tradição evangélica sempre louvou a Deus por seus atos e atributos. Atualmente estamos cada vez mais enfatizando “o monte santo”, “a cidade sagrada”, “a casa de Deus”, “a sala do trono”. Nós somos o “templo de Deus”. Os elementos materiais pouco importam na adoração genuína. É preciso retomar o caminho correto.

7. Devemos ensinar que ser judeu não torna ninguém melhor do que os outros

Alguns evangélicos entendem que “ser judeu” ou “judaizado” os torna de alguma forma “espiritualmente melhor”. O rei Manassés, Anás e Caifás eram judeus! Já há quem expulse demônios em hebraico! Em Cristo, judeus e gentios são iguais perante Deus. Na verdade “não há judeu nem grego” (Gl 3.28) na nova aliança. A igreja cristã já pecou por seu anti-semitismo do passado. Será que irá pecar agora por tornar-se judaizante? Devemos amar judeus e gentios de igual modo. Além disso, podemos e devemos ser cristãos brasileiros. Não precisamos nos tornar judeus para ter um melhor “pedigree” espiritual.